Novela x realidade: Amor de Mãe narra desafios reais para a gravidez e mostra alternativas
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Barriga Solidária e FIV são procedimentos abordados na trama; especialista explica as opções
A trama Amor de Mãe, novela da rede Globo, relata a dificuldade de personagens que não conseguem ter filhos. Apesar de serem histórias de ficção, as cenas são realidade para muitos casais do outro lado da TV, e a narrativa permite que mais pessoas tomem conhecimento das alternativas disponíveis hoje. A primeira história é a de Vitória (Taís Araújo), aos 42 anos, que não conseguia mais engravidar depois de perder um bebê no sexto mês de gestação, mesmo tentando através de tratamentos de reprodução.
A busca pela maternidade interferiu no relacionamento e, já separada, ela adota uma criança. Anos depois, Vitória se descobre grávida após um encontro casual com um desconhecido. A segunda realidade é abordada quando Camila (Jessica Ellen) perde o útero em um aborto espontâneo e precisa então da ajuda da sogra Thelma (Adriana Esteves) para ser barriga solidária de seu filho com Danilo (Chay Suede).
Como 15% dos casais em idade reprodutiva são afetados por doenças que interferem na capacidade reprodutiva de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), histórias assim são ouvidas com mais frequência do que se imagina em clínicas de reprodução humana. Tanto para mulheres como para os homens, a biologia pode oferecer obstáculos para a gestação, que podem ser resolvidos com a ajuda da ciência.
Prova disso é o aumento no número de fertilizações in vitro (FIV) visto no Brasil nos últimos anos. Para Matheus Roque, médico especialista em reprodução humana da Clínica Mater Prime, o principal fator desse crescimento é a escolha pela gestação tardia. Cada vez mais os casais estão optando em ter filhos após os 30 anos, mas o relógio biológico não espera.
"A qualidade e a produção dos óvulos caem drasticamente após os 35 anos, diminuindo-se as chances de gravidez natural e aumentando-se os riscos de aborto e doenças cromossômicas. Por isso, recomenda-se que casais onde a mulher tenha mais de 35 anos, procurem por uma avaliação com especialista depois de 6 meses de tentativas de gestação natural sem sucesso", explica o médico. Além do avanço na idade dos casais optarem em ter filhos, a questão do maior acesso à informações sobre os tratamentos e mais acesso ao custo fazem com que o número de ciclos da FIV venham aumentando.
Outra alternativa abordada na novela foi a barriga solidária, método permitido no Brasil mas sem ter nenhum tipo de transação comercial envolvida,de acordo com as regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), diferente de como funciona em outros países. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a barriga de aluguel é permitida na maioria dos estados. Lá, ela é feita através da contratação de uma mulher para gerir o bebê. Em alguns estados, é até possível comprar gametas e escolher as características do feto, incluindo o sexo", explica Matheus.
Para conseguir uma barriga solidária, ou útero de substituição no Brasil, a mulher disposta a gerar a criança deve pertencer à família de um dos pais do bebê. Esse parentesco deve ser até 4º grau, incluindo mãe, irmã, tia, avó e prima. Outro ponto é que a mulher deve ter até 50 anos, no máximo. Não havendo uma parente para ser a barriga solidária, é necessário uma autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM) para que alguém sem vínculo familiar possa ser o útero de substituição.
Sobre o Dr. Matheus Roque: O especialista é membro da ESHRE, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e também da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Recentemente, ele foi reconhecido pela Fertility and Sterility por sua contribuição para a qualidade da revista. Durante 2014 e 2015, um de seus artigos apareceu nos cinco principais artigos mais citados publicados em Fertility and Sterility. Roque foi premiado com o GFI - Grant for Fertility Innovation, pelo projeto intitulado Algoritmo farmacogenético para estimulação ovárica controlada individualizada (iCOS).
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